segunda-feira, 4 de junho de 2018

BREVE HISTORIAL SOBRE A ENCENAÇÃO


A ENCENAÇÃO no Séc. XX
A noção de encenação é recente, ela data apenas da segunda metade do século XIX e o emprego da palavra remonta a 1820. É nesta época que o encenador passa a ser o responsável “oficial” pela ordenação dos espetáculos. Anteriormente, o ensaiador ou, às vezes, o actor principal é que era encarregado de se auto dirigir. Uns dizem que a encenação começou com a implementação do primeiro actor em cena, por Thespis, e outros afirmam que começou com a implementação do advento das novas tecnologias (maquinarias, luz…).
A encenação e o conceito de encenador surge na segunda metade do séc. XIX, e tem o seu auge no séc XX. É neste seculo, que apareceram os grandes encenadores teatrais com o advento das vanguardas artísticas. Ainda Neste mesmo século, e com as preocupações como as de André Antoine surge o primeiro curso de encenação e a figura do encenador.
            Os encenadores evoluíram os seus pontos de vista para uma lúcida crítica das forças socias em desigualdade. Desse modo, pensar na encenação do séc. XX é pensar no homem e no seu contexto politico e social, concebendo o lugar comum a respeito da solidão e da incomunicabilidade humanas. O engajamento político de alguns dramaturgos e encenadores, por exemplo, estabeleceu que reivindicou a criação de um teatro capaz de posicionar o homem contemporâneo em seu próprio contexto histórico. O pressuposto era abrangir uma linha que exprimisse as relações socias, ou seja, retratar o homem na sociedade em detrimento do homem com ele mesmo, em uma nítida prática individualista, ou até mesmo, num posicionamento religioso (homem com Deus). Portanto o que estava em questão era a inserção de personagens condicionados a um contexto político e social, tal qual a concepção do alemão Erwin Piscator que, para tanto, utilizou em suas encenações projeções gráficas, estatísticas legendas e documentários.
            O dramaturgo Luigi Pirandello (1880-1947) promoveu o condicionamento humano a contextos políticos e socias de maneira mais sutil.
Enquanto Meyerhold, entendia que o objetivo do teatro era o de tornar a plateia, ou seja, o público o co-criador do drama. Desse modo desenvolveu um estilo próprio de vanguardismo, estabelecendo o domínio da razão. Gestos e movimentos eram calculados meticulosamente, adquirindo significados simbólicos - era a biomecânica. Esse método de encenação foi apresentado pela primeira vez em 1918.
            Esse importante director e teórico do teatro da primeira metade do séc. XX utilizou, em suas peças, a projeção de filmes o jazz e a concertina; o ritmo das máquinas, dos motores e rodas em movimentos foram acelerados e o cenário foi composto com estrutura de metal. Ao longo das primeiras fileiras da plateia disposta em cena, posicionou figurantes a correr. Andaimes eram escalados, e por escadas de cordas, os actores escorregavam. Sua ideia era romper com qualquer lastro burgues que, porventura tivesse sobrado após a revolução.
             Durante a acção biomecânica, Meyerhold vestia os actores com macacões-uniformes, pois nada deveria distrair a atenção do público nem mesmo a acção dos actores. Sua concepção na encenação era anti ilusionismo, marcado pela improvisação de um teatro cujo apelo politico-ideológico se fazia presente. Meyerhold levou ao extremo a técnica de expressão corporal, pois seus actores eram também acrobatas e dançarinos. Essa sua biomecânica garantiu que o progresso técnico aperfeiçoasse o instrumento cénico.
A encenação nasce assim de uma necessidade técnica e científica. Tal como definia o grande encenador Jacques Copeau, a encenação, é a passagem de uma vida espiritual e latente, do texto escrito, a uma vida concreta e actual, o da cena.
A encenação se assemelhava a uma técnica rudimentar de marcação dos actores. Esta concepção prevalece às vezes entre o grande público, para quem o encenador só teria que regulamentar os movimentos dos actores e das luzes. O surgimento do encenador na evolução do teatro é significativo de uma nova atitude perante o texto dramático: durante muito tempo, na verdade, este apareceu como o recinto fechado de uma única interpretação possível.

Hoje, ao contrário, o texto é um convite a buscar seus inúmeros significados, até mesmo suas contradições; ele se presta a novas interpretações. O advento da encenação prova, além do mais, que a arte teatral tem doravante direito de cidade como arte autônoma. Sua significação deve ser buscado tanto em sua forma e na estrutura dramatúrgica e cênica quanto no ou nos sentidos do texto. O encenador não é um elemento exterior à obra dramática: "Ele ultrapassa o estabelecimento de um quadro ou a ilustração de um texto. Toma-se o elemento fundamental da representação teatral: a mediação necessária entre um texto e um espetáculo.
O ENCENADOR É UM CRIADOR, CIENTISTA É UM “AJUDANTE DE DEUS”

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